Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
É Domingo. Chove por Timbó. Uma chuva suave e refrescante que me recorda a chuva beirã. Daquela que faz falta, como dizem os homens da lavoura, e que se entranha na terra dando vida nova às árvores e às flores. Terias gostado desta chuva, embora te fizesse falta o cheiro a terra molhada acabada de lavrar e o ligeiro arrefecimento do ar que impele ao primeiro agasalho do Outono.
É Domingo. Chove por Timbó. Passo a tarde a deambular contigo por ruas desertas de gente, com a chuva a refrescar-me a face, como tantas vezes fizemos pelas ruas de Coimbra e de Lisboa. O mesmo passo lento, pausado, marcado pelo ritmo da conversa e por longos silêncios partilhados.
Passou um ano sem passar um dia em que não estivesses por aqui, algures, a fazer-me companhia. Num livro de Agustina, num filme do Ford, num solo de Coltrane, numa carta reencontrada, numa oração recordada, num passeio solitário, numa tarde de bar, com livros espalhados sobre a mesa e pequeninos cartões de anotação preenchidos com uma letra miúda, redonda, inconfundível.
Passou um ano sem passar um dia em que não tivesse contigo longas e reconfortantes conversas noturnas. Por isso, sempre que sinto aproximar-se a egoística dor da saudade procuro-te, como sei que gostarias e, confesso, não me tem sido difícil encontrar-te, Luís Abel.